Do Sardão a Paredes…
Do Sardão a Paredes…
Pela estrada empedrada do Sardão vinha em passo lento o Ti Firmino . Havia passado os antigos estábulos dos cavalos das mudas, um edifício de linhas singelas construído com adobes de terra vermelha. Dentro ainda se conseguiam ver as manjedouras cavadas nessa pedra vermelha mas há muito fora de uso. Podemos imaginar o trabalho ali desenvolvido pelos dois jovens ferradores, Manuel e José, oriundos da aldeia da Breda, mais tarde submersa pelas águas da Barragem da Aguieira. Aconteceu em meados do séc XVIII. Foram eles os percursores da Família Breda em Águeda, com os seus casamentos no Sardão com jovens dali naturais. Das nossas pesquisas surge a primeira pessoa com apelido Breda, filha de Manuel Rodrigues, da aldeia da Breda, e uma senhora do Sardão de apelido Figueiredo. Foi ela Joana Maria de Figueiredo Breda. Sem dúvida a primeira Breda de Águeda.
Mas voltemos ao Ti Firmino! Era neto de um antigo carcereiro da cadeia no Sardão, da Vila de Águeda, e ainda vivia na casa térrea onde seus haviam residido. Percorrendo a velha estrada de grandes lages de pedra, que diziam baloiçar em tempo de cheias, pois as água do Águeda passavam por debaixo dessa estrada que teria sido uma via romana… Parou junto às Alminhas de Abadinhos e benzeu-se.
Na Além da Ponte parou na tanoaria dos Costa e não se fez rogado pelo convite bebendo de um trago o conteúdo do copo!
Depois atravessou a ponte e logo virou à esquerda passando o largo Senhora da Boa Morte (antigo Bairro do Barril com as casas penduradas no rio) onde saudou as vendedeiras dos quiosques de fruta: a Ti- Iria da Cancela e a Ti-Floripes esposa do Nai Girão… à frente num outro quiosque o Sr. Raul Conde compunha as revistas “Flama”!
Em tempos um outro quiosque ali houvera pertença do Ti Constantino da fábrica dos bonecos de São Pedro onde eram vendidas as miniaturas produzidas naquela olaria!
Seguiu até à beira rio onde algumas lavadeiras lavavam roupa e a estendiam a corar na ladeira e degraus que davam para o rio.
Ali ao fundo antes da Alameda de Paredes havia a praça do peixe e um pouco à frente a taverna da Ti Glória do Xaréu, uma cozinheira de mão cheia, saindo da sua cozinha pratos de peixe e carne dignos dos mais afamados cardápios…
Anos mais tarde num programa de televisão o afamado Chef Silva disse que o melhor Galo Assado no forno que comeu foi em Águeda… e eu acrescento acompanhado com Arroz de Açafrão e confecionado pela saudosa ti Glória do Xaréu!
GALO ASSADO NO FORNO COM ARROZ DE AÇAFRÃO (à moda de Águeda)
Ingredientes
- 1 galo)
- 1 salpicão carne
- Carne gorda da barriga (entremeada)
- 1cebola
- arroz q.b.
Modo de preparação
Coze-se o galo com a carne gorda entremeada (de porco), um salpicão e uma cebola em que se espetam alguns cravinhos.
Depois barra-se o galo com uma papa de alho, margarina (ou banha).
Sal e pimenta (ou piri-piri). Vai-se regando com um pouco do caldo da cozedura e também com vinho branco.
Torra-se um pouco o açafrão. Depois derrete-se num pouco de caldo da cozedura do pato que também se junta à água para cozer o arroz. Uma vez tudo pronto, corta-se o galo e as carnes já cozidas que são colocadas por cima do arroz já na travessa a enfeitar.
Nota: Esta prato era muito usado por alturas da Páscoa.
Pois foi ali que Ti Firmino entrou e ficou à espera dos amigos com quem tinha combinado a merenda. O cheiro vindo da cozinha era convidativo e T Firmino enquanto esperava foi bebericando…
In retalhosdeaguedaantiga.blogspot.com
By Joao Carlos Breda
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