O Palacete da Família Neto…
“Palacete da Família Neto”…
Ali na Bicha-Moura havia o “Palacete da Família Neto”… de cor amarela destacava-se na encosta de socalcos que subia até à Capela de S. Pedro… nela viviam os meus amigos de infância e com eles e outros companheiros de brincadeira vivi aventuras mil…
A irreverência da juventude fazia-nos fazer aquilo que nem ao diabo lembrava… explorar minas de água, fazer caminhadas num imaginário grupo de escuteiros com os cães da casa à trela… o Gazcidla e o Rim-Tim-Tim, construir acampamentos com antenas que até atraiam raios!!!
Éramos índios, cow-boys, cavaleiros da Távola Redonda, piratas em busca de tesouros e intrépidos exploradores…
Eu vivia na casa ao lado… a frondosa nespereira era um abrigo quando chovia e nas pereiras, de pêras fora de época, fazíamos os nossos helicópteros, cada um subindo para o seu galho… Uma pêra era o intercomunicador para comunicar com a base! Um dia ficamos perdidos no espaço e não podemos aterrar porque o Tona comeu a pera!!!
E havia as laranjas azedas junto à entrada da mina… comer delas era a superação de uma prova! Até porque dava força!(?)
Mas havia muita fruta boa que nos despertava a cobiça e nos deliciava! Não perdoávamos… Aquelas maçãs de S.João do vizinho quando começavam a pintar… e os pêssegos da outra quinta la em baixo?!
Andávamos por ali a deambular pelas propriedades duma parte da antiga família Guerra (a mais extensa de Águeda)… o “Palacete dos Netos” edificado por Albuquerque Neto, um dos pioneiros das ferragens em Assequins, na propriedade herdadas de António Guerra, pai da esposa Georgina, ao lado a casa de Tavares “Candeeiro”, casado com Zulmira, irmã de Georgina, um pouco acima a propriedade herdada pelo irmão Alfredo Ribeiro, outro pioneiro das ferragens com fábrica na Venda Nova, e mais à frente a caminho do Ameal, a propriedade herança da irmã Arcanja… os quatro filhos de António Guerra, tio da minha bisavó Júlia Trindade Guerra…
No “Palacete” da Família Neto já havia televisão e com a condescendência dos anfitriões invadíamos a privacidade familiar e la íamos ver filmes como: Bonanza, Sir Lancelote, Robin dos Bosques, Homem Invisível… que maravilha! Depois era reviver todas aquelas aventuras!
Naquele tempo não havia computadores nem telemóveis, nem outros jogos sofisticados e o tempo era passado ao ar livre em brincadeiras saudáveis… joelhos e cotovelos esmurramos e algumas cabeças rachadas!!!
No verão fugíamos até ao rio para pescar mas os caniços improvisados com isco inadequado resultava em nada… mais proveitosa era por vezes irmos as enguias para a ribeira do Ameal com auxílio de uma peneira!
Tocam as sirenes das fábricas anunciando o fim do dia de trabalho e a saída dos operários….está na hora de nos aproximarmos de casa!…
Foto: Desenho a carvão do Américo em casa do Francisco.
in retalhosdeaguedaantiga.blogspot.com
By João Carlos Breda
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