Os Breda no Sardão (Águeda)...
Quando as carreiras regulares da Mala-posta chegaram ao Sardão a 15 de Outubro de 1857, já os Breda por ali estavam estabelecidos, tanto como estalajadeiros como ferradores... dos cavalos das mudas e de quantos recorriam aquele serviço com os seus animais...
O Sardão era uma pequena localidade às portas de Águeda. A sua capela em honra de Nossa Senhora da Guia que data do Sec. XVII, segundo nos narra Serafim Soares da Graça(Capela Publicas e Privadas de Águeda) e consta do Arquivo Distrital. vol. XVIII, foi construída pelos moradores em 1682 com a devida autorização eclesiástica.
ÁGUEDA, alguns anos atrás não passava de um pequeno burgo mercantil com o seu cais no rio sempre a fervilhar de barqueiros, peixeiros, salineiros, sardinheiras ... e almocreves que, com as suas récuas de machos, transpunham Alcobar (Serra do Caramulo) e levavam a “sardinha de Águeda” até as faldas da Estrela!
Águeda, que nunca teve foral, ganhou alforria dos seus donatários pelo papel que desempenhou durante a Segunda Invasão francesa em 1809, pois com o seu hospital militar que foi de grande relevância nas escaramuças havidas nas imediações e aquando da reforma administrativa formou Camara em 1834...
No Sardão estava instalada a cadeia da comarca e a notoriedade do lugar já era relevante porque por lá passava a estrada medieval que deu origem à Estrada Real. Terá sido por ali que o séquito da Rainha Santa Isabel passou na sua peregrinação a Santiago de Compostela com pernoita em Águeda...
Voltando atrás e à vinda dos Breda para o Sardão, segundo conseguimos apurar, os dois ferradores, o Manuel e o José Rodrigues, filhos de manuel Rodrigues e Maria Regada, naturais da pequena aldeia de Breda a) junto à ribeira do mesmo nome, afluente do rio Cris e pertencente à freguesia do Sobral, concelho de Mortágua... quando chegaram ao Sardão logo tomaram o apelido Breda, honrando a sua Terra natal, passando-o a toda a descendência.
Manuel Rodrigues Breda foi casado com Margarida Rosa e deste casal nasceram 11 filhos, tendo a primeira nascido em 1748, sido baptizada com o nome de Joana Maria Breda, seguiram-se: Maria Joaquina Breda (1750), José (1754), Josefa (1756), Ana Margarida de Jesus Breda (1758); João (1760); João Rodrigues Breda (1762); Domingos (1764); António (1766), Joaquina (1769) e Joaquina (1771). Pela repetição dos nomes deduz-se que alguns não vingaram e morreram no primeiro ano de vida.
De todos eles apenas temos o registo de casamento de Maria Joaquina Breda com José Rodrigues Samico, de Ana Margarida de Jesus Breda com Manuel Ferreira da Silva e de João Rodrigues Breda com Ana Luísa.
De notar que a minha descendência vem do primeiro casal: Maria Joaquina Breda e José Rodrigues Samico, que tiveram 5 filhos:
José (1785), Joaquim António Samico Breda (1788); António Joaquim Samico (1790), que casou com Maria Máxima Libânia; Ana (1792) e Manuel Rodrigues Breda (1795) casou com Maria Ludovina de Figueiredo, tiveram uma filha, Mariana Márcia de Figueiredo Breda, que viria a casar com o Dr. Mateus Pereira Pinto de Barrô e foram os pais do Dr. António Pereira Pinto Breda (1880-1964). Este nasceu no Sardão na casa do avô, já à data Estalagem para os passageiros da Mala-posta, com cavalariças onde eram ferrados os cavalos das mudas.
Seguindo a minha descendência vamos buscar o segundo filho Joaquim António Samico Breda (1788) que casou com Rosa Joaquina de Figueiredo (1791) e tiveram 9 filhos: Jacinto Breda (1811); Fernando Rodrigues Breda (1813); Francisco Breda (1815);
Josefa Adelaide Breda (1817); Adriano Breda (1820); Francisco Breda (1821); Iria Ermelinda de Figueiredo Breda (1823) que casou com Joaquim Augusto de Macedo; João Breda (1825) e Maria Breda (1829)…
Aqui vamos encontrar a minha Trisavó Josefa Adelaide Breda, que causou escândalo na familia ao ser mãe solteira, para mais sendo afilhada de Dª. Josefa Pinto Caldeira, da ilustre Quinta da Borralha…O filho, meu Bisavô, Luís Augusto Breda (1850-1901) foi entregue para ser criado a um casal de Recardães e vamos reencontrá-lo adulto com a profissão de funileiro, tendo se estabelecido em Famalicão, Arcos, Anadia, depois de ter casado em Aveiro (Vera Cruz) com Thereza de Jesus (Costureira), filha de Miguel Tavares Fitorra e de Augusta Bernarda de Jesus.
Do casal Luis Augusto e Teresa nasceram 6 filhos: Maria d'Assunção (Famalicão 1884-Águeda 1967); Eugénia (Anadia 1887 Águeda 1974); Flora (Arcos 1889 Lisboa 1972); Leopoldo (1892) e ainda Luis e João, de que ainda não conseguimos registos.
A vinda para Águeda deveu-se ao chamamento da Tia-Avó, Iria Ermelinda de Figueiredo Breda, à sobrinha-neta mais velha Maria d'Assunção. Esta Tia-Avó estava bem casada com o politico Joaquim Augusto de Macedo, a quem atribuem o construção do Fontanário da Romanis Aeminium, na altura colocado na Rua da Fonte e hoje na entrada da Praça do Municipio. Da importância desta familia a Capela no Cemitério do Adro, na rua principal à direita, em pedra d’ançã lavrada e inscrições em letra gótica.
Maria d'Assunção, depois de ter a sua vida organizada, casou com o armador Eugénio Duarte Crespo, tratou de chamar as duas irmãs e lá vieram para Águeda a Eugénia e a Flora (minha avó paterna). Anos mais tarde, com a morte do marido Luis Augusto, a Bisavó Teresa de Jesus veio também viver para Águeda, para casa da filha Eugénia, onde viria a falecer.
Ao fim de tantos anos a história dos Breda volta-se a cruzar com a Mala-posta, de que os nossos antepassados foram ferradores das mudas na estação do Sardão, mesmo antes da Mala-posta cá chegar oficialmente… e em 1978 o meu pai (Mestre João Breda, pintor cerâmico) é convidado pela gerência do Restaurante Pompeu dos Frangos para pintar a história da Mala-posta em painéis de azulejos, no local onde existiu a Estação de Ponte Pedrinha hoje Mala-posta. Obra que vivamente convidamos todos a conhecer.
Breda localizava-se cerca de 200 m a sudeste da ponte da Linha da Beira Alta sobre a ribeira de Breda. A aldeia desenvolvia-se na margem esquerda do vale dessa ribeira (que era cultivado pelos habitantes) e era atravessada pela Estrada Nacional 234. A ribeira de Breda desaguava no rio Criz, a menos de 1 km da aldeia. A cerca de 500 m da aldeia, a Estrada Nacional 234 cruzava a Linha da Beira Alta numa passagem de nível (atualmente desativada).
Quando foi abandonada, Breda tinha 19 casas e 66 habitantes.[1] Uma vez que a aldeia ia ser submersa pela Barragem da Aguieira, os habitantes receberam indemnizações e dispersaram-se por outras localidades, nomeadamente para a vizinha aldeia de Vale de Paredes e para as proximidades da vila de Mortágua (aldeia de Cruz de Vila Nova, também conhecida por Nova Breda). Desde 1987 que os antigos habitantes realizam um convívio anual.[1] O convívio é realizado em agosto junto ao local onde a aldeia se erguia.[1]
Caro João,
ResponderEliminarSua publicação ajudou-me a encontrar as origens de minha família. Sou bisneto de Carlos Pinheiro de Figueiredo Breda. O Carlos, natural de Recardães (Águeda), é filho de Maria Marcia de Figueiredo Breda, filha de Jacinto Rodrigues Breda (que identifiquei no seu texto). Parabéns pelo trabalho.