Os Breda em Anadia...

 


A calandra improvisada dava a forma arredondada à folha de flandres donde iria sair a almotolia que a freguesa encomendara para o azeite da Ceia de Natal que se avizinhava...

Luís era um funileiro experiente... a aprendizagem com seu pai e avós, homens sempre ligados à moldagem do ferro com o martelo na bigorna , fazia das suas mãos sair pura arte... 

Mas a vida não lhe fora fácil, filho de mãe solteira, situação que não agradara à família, fora entregue logo à à nascença, para ser criado por um casal de Recardães, como consta no 

assento de seu batismo...

Sorte teve quando conheceu Teresa, a linda filha dos Fitorra de Aveiro... foi um encontro fortuito na feira das cebolas, que depois se repetiu e acabou por resultar na sua união matrimonial na Igreja da Vera Cruz...

Depois rumou até Anadia... talvez no ano de 1880... o Luís Augusto lá se estabeleceu com a sua pequena oficina de latoeiro em Famalicão, freguesia de Arcos, onde o vamos encontrar rodeado de peças de funilaria e a braços com a tal almotolia...

No terreiro em frente à oficina brincavam os filhos do casal... a Assunção, a Eugénia e a Flora (que viria a ser minha avó paterna) e ainda o Leopoldo... 

Do fundo da oficina fez-se ouvir uma voz: “Ò Luís, traz os meninos e vem jantar!”...

A criançada envolvida no jogo da macaca nada ouviram e o Luís fez ouvidos mocos porque queria adiantar a obra que tinha em mãos... Então lá veio a Teresa a rebolar-se com a sua barriga de seis meses(seria o Luís ou João?), repetir o chamamento e ordenar à mais velha, a Assunção, que levasse os irmãos para dentro e fossem lavar as mãos antes de se sentarem à mesa para partilhar a janta que cuidadosamente havia preparado na panela de três pernas na lareira... uma sopa de feijão com couves esfarrapadas, nabo e batata  e um bocado de toucinho gordo para lhe dar sabor... tempos difíceis e mais ainda com uma prol já tão grande para alimentar...

Anos mais tarde veio a ajuda de Águeda, a tia-avó Iria Ermelinda, bem casada com um político local, chamaria a afilhada Assunção... e esta, depois de ter a sua vida organizada, chamou as duas outras irmãs para Águeda... Dos rapazes pouco mais sabemos...


Nota do autor:

As personagens são reais mas a história é pura ficção do autor baseando-se em informações da genealogia que está a pesquisar...

Luís Augusto Breda, nasceu no Sardão, ÁGUEDA,  filho de Josefa Adelaide de Figueiredo Breda. Profissão: Funileiro. Casou em Aveiro na freguesia de Vera Cruz com Teresa de Jesus, filha de Miguel Tavares Fitorra e Augusta Bernarda de Jesus...

Todos os filhos do casal nasceram em Famalicão ou Arcos (Anadia) e foram baptizados na Igreja de Arcos.


João Carlos Breda




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