Escola Central de Sargentos...


O Ano de 1926 foi um marco importante para Águeda... 
De Mafra veio para a nossa Vila a Escola Central de Sargentos... Instalou-se no quartel do antigo 3. Regimento do Batalhão de Infantaria 28 e 
nela passaram a ser ministrados diversos cursos de especialidade militar (Serviço Geral e Serviço de Material) e de promoção a Sargentos Ajudante e mais tarde para ascensão de sargentos a oficiais... a divisa na porta de entrada dizia: “Aqui preparam-se futuros Oficiais”

Os Sargentos vieram para Águeda... com eles vieram as famílias e Águeda aumentou a população residente... as casas de renda começaram a escassear e quem tinha quartos disponíveis passou a tirar algum rendimento para ajudar a economia familiar... 
As Pensões económicas proliferaram na Vila e todas albergavam os alunos da ECS, mais tarde Instituto Superior Militar...
na velha Rua da Fonte havia a Pensão Matilde(mais tarde Pensão Negrão), na praça nova a Pensão Sousa... na Rua de Cima a Central, da D. Gia; a Moderna, da familia Alves Pereira e a Santos... na praça velha a Morais e a Brinco... passando para o Largo da Senhora da Boa Morte, já na saída para a rua 5 de Outubro havia a Pensão Beira-Ria da D. Maria Joana... e no cimo da Vila junto à Estação de Caminho de Ferro a Pensão Hugo.... e não sei se mais alguma mas muitas casa particulares passaram a ser pensões com dormida e refeições...
Os Sargentos e suas famílias tudo ocupavam... e davam vida à Vila!
Habituamo-nos a ver as fardas pelas ruas de Águeda, primeiro as cinzentas e depois as verdes... e lá iam carregando as suas pastas com livros e sebentas...
Águeda tornou-se numa Vila cosmopolita com gente de norte a sul do País... lembro-me de ter como vizinhos a família do Sargento Coelho de Castelo Branco e depois de Lisboa a família Pedro... mais tarde a família Vasconcelos, ele de Pessegueiro do Vouga e a esposa de Macau... 
Mas nem tudo eram rosas, com a vinda de tanta gente de fora a carestia de vida aumentou significativamente no comércio local e ao sábado no mercado... 
e o povo dizia: “A culpa é das Sargentas!!!”
Com a presença de tanto militar em Águeda, a sociedade civil também teve os seus benefícios, tanto a nível desportivo, cultural ou artístico, pois foram muitos os que se associaram às colectividades e deram preciosos contributos, principalmente os oficiais que para cá vinham como professores...

O Café Santos era o café da sargentada... outros também o seriam, mas lembro-me especialmente deste com grande movimento na cafeteria e também no bar das traseiras onde os petiscos aguçavam o apetite e o vinho Botaréu era um regalo!






Por cá ficavam dois anos para terminar os cursos e a vida não era fácil porque as suas bases de instrução eram poucas e tinham de se aplicar... muitos regressavam à origem “chumbados” e nem as explicações ministradas por professores externos os ajudavam da difícil tarefa da preparação dos estudos dalgumas disciplinas daquela “universidade sénior”!!!

Anualmente havia o dia de Abertura do Curso com direito a Fanfarra que vinha da Região Militar e desfile dos alunos de sabre em riste!




Era um dia de festa para ÁGUEDA e gostávamos de os ver aprumados a marchar!
Podemos sem receio afirmar que ÁGUEDA saiu enriquecida com a sua presença que durou cerca de 50 anos...

By João Carlos Breda

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