Rua da Cancela...
Rua da Cancela, hoje Rua Soberania do Povo... nos tempos de antanho havia mesmo uma cancela que fechava a entrada da Vila do caminho do campo que vinha de Assequins...
Na memória viva da minha tia Lídia (Maria Lídia Soares de Melo, com 95 anos de idade) aquela rua bem podia ser a rua dos Guerras... segundo o seu relato, começava na esquina (hoje o redondo) com a Taberna da Ti-Luísa, a mãe do Afonso Guerra, do Ti-Chico “Carteiro” e do Bernardino da Macária. Seguia-se a casa da Macária e logo a casa do Guilherme Guerra. De seguida a casa do José Morais e depois a casa da minha bisavó, Júlia de Melo Trindade Guerra. A casa seguinte era a da Libânia “Loura” Guerra, a doceira que deliciava as casas de Águeda, que casou com Bernardo Breda e teve três filhos: João, Samico e José.
Seguiam-se mais algumas casas onde vivia a Sra Sucena de Assequins e o Martins “marceneiro”...
Na esquina da confluência com a Rua de Baixo havia a taverna da Tia Lídia (irmã de minha avó) que foi casada com Daniel “Bicho”, sapateiro de profissão. Voltando para trás mas pelo outro lado havia a casa da família Gaião, o portão da casa da Ti-Marquinhas Serralheira, a casa da Ti-Iria e por último a casa de Custódio Guerra...
Tratava-se de uma rua estreita que com frequência era visitada pelas águas das cheias transformado-a num rio... todas as casas tinham primeiro e algumas segundo andar pois o “lojão” esse com as cheias só em algumas épocas do ano podia ter uso.
No tempo das cheias os moradores só podiam regressar ou sair de casa de bateira...
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Na praça velha ao lado do palecete riscado do Quim de Melo havia a taverna da Tia Maria da Benta... a clientela era muita, sinal de que a pinga era boa... o marido, o Ti-Abel de Bolfiar (com forno de leitões na Rua de Baixo) tinha bom lábio... o petisco nesse dia eram Tripas de Vinho D’Alhos... tia Benta tinha passado a tarde do dia anterior a lavar as ditas no Ribeirinho com a ajuda da Rosinda...
Cheiravam que era uma delícia e as travessas não paravam de sair da cozinha a fumegar, acompanhadas por couves e batatas cozidas, para ornamentar as singelas mesas da tasca... e as malgas e picheiras andavam num corrupio por aquelas mesas!...
By João Carlos Breda
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