Dia de Souto do Rio - Feriado de Águeda

Dia de Souto do Rio (Feriado Municipal) Depois de encontrada a melhor sombra foi a coberta de farrapos estendida no chão e logo a toalha aos quadrados verdes e brancos... abriu-se a cesta do farnel que mais parecia uma cornucópia... tantas foram as coisas que dela saíram... pratos, talheres, copos, guardanapos e por último o tacho embrulhado em jornal... Mas também as caixas plásticas com os bolinhos de bacalhau, os pastéis de massa tenra e os rissois... Noutra cesta as garrafas de vinho, água e as laranjadas Bussaco! Desembrulhado o tacho fumegou o suculento arroz de galinha que por todos foi distribuído enquanto se ia picando os restantes acepipes, onde não faltavam as azeitonas e uma salada de tomate coração de boi feita ali na hora! Os bolos da festa de S. Geraldo comprados na véspera pelo avô Adriano, na sua promessa anual de ir à Bolfiar logo pela manhã... Sequilhos, cavacas e suspiros... foi a sobremesa bem como umas carnudas e rubras cerejas que a Tininha tinha ido buscar à festa de bicicleta... e um bolo de laranja feito pela Tia Lidia nessa manhã... Contavam-se histórias... do tempo em que a gente da Vila fretava os mercanteis para subir rio acima até ao Souto do Rio e Bolfiar... e o meu pai alertou :”vamos lá a despachar que um negrume está a vir do lado da serra... não tarda começa a chover!” Também fazia parte da tradição chover no dia de Souto-Rio... houve um ano que a bátega foi tão forte que se gerou uma confusão ao atravessar a ponte de madeira que, dizem, até um leitão assado caiu ao rio! Não seria o nosso caso, pois meu pai olhando o dia enevoado decidiu que ficaríamos logo ali num pinhal depois da curva de Assequins junto ao Miradouro... e ficamos muito bem, mas nem deu tempo de jogarmos ao ringue com meus irmãos e tias... porque acabada a merenda foi tempo de arrumar as coisas nas cestas e regressar... e quando chegamos a S.Pedro, a casa dos avós a chuva começou a cair e de que maneira... Mas a tradição tinha-se cumprido!