Domingo de Passos

De risco ao lado e fato domingueiro lá ia eu pela mão de meu pai dar a volta dos Passos... Era Domingo de Passos, a Senhora da Soledade já estava na capela de Paredes desde sexta-feira e o Senhor Jesus tinha ido sábado à noite para Assequins...
A Irmandade do Senhor Jesus tinha instalado as diversas capelas - os Passos (ou Via Sacra )- que seriam os locais de paragem das procissões... e onde o coro cantava o Miserere... Saídos do Adro o primeiro Passo era na capela de S. Bernardo na descida dos correios (antigos), e logo a seguir a estes havia um outro ( hoje dentro de uma redoma de vidro). Pela Alameda de Paredes fomos à Capela da Sra. da Ajuda visitar a Senhora da Soledade, passando o Cruzeiro de Paredes todo florido... depois atravessamos a ponte e no portão da casa da D. Maria Joana visitamos um novo Passo... Seguiram-se os da rua de baixo na Pensão Brinco e outro mais à frente perto da marcenaria do ti-Chico Balreira... já na rua de Cima o Passo do Senhor da Cana Verde... e outro junto à Praça Conde de Agueda...
Paragem no Café Santos para comprar um pacote de amêndoas... Todos esses Passos representam ou lembram cenas e flagelos de Jesus antes de subir ao Calvário para ser crucificado. O último Passo era o existente na Paulicea, a quinta da Carneira, daí esse Passo ser chamado por nós - os Apóstolos da Carneira - e representam o momento em que os apóstolos adormeceram no Monte das Oliveiras, em lugar de estarem vigilantes, como Jesus recomendara, daí advindo a sua prisão pelos soldados romanos por traição de Judas...
Este nosso périplo terminava na Capela da Sra da Graça em Assequins onde o Senhor dos Passos tinha pernoitado na sua cabana... logo à tarde aos acordes da Banda Alvarense será conduzido ao encontro de sua Mãe... na chamada Procissão do Encontro que vai encher a Vila de uma imensa multidão!
Subimos à Bicha-Moura e em breve estávamos em casa na Quinta de S.Pedro onde minha mãe nos esperava com os meus irmãos para o almoço... Neste dia de festa foi coelho assado no forno acompanhado com arroz de ervilhas... O coelho era caseiro, criado pelo meu pai que também o havia preparado de véspera, pondo-o a escorrer depois de retiradas as glândulas sebosas e o esfregado com sal...
De manhã minha mãe besuntou-o com uma pasta de margarina, sal, alho, piri-piri e colorau e colocou-o na assadeira numa cama de cebola em azeite regado com vinho branco. Foi ao forno rodeado de batatinhas... A rematar uma folha de louro e umas pontas de salsa... Recordações de tempos da meninice...

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