Millan = Melo ou o descendente inglês que veio para Águeda...

Mais de dois séculos passados sobre a Batalha do Buçaco, decisiva no desfecho final da Guerra Peninsular apetece-me rebuscar num mistério que desde há duas gerações vem de boca em boca sendo falado na minha família materna... Dizia a minha avó Arminda: "o teu trisavô (ou seria tetravô?) era inglês... veio combater as tropas de Napoleão no Bussaco e por cá ficou!" E como se chamava: "era alto e louro e tocava o tambor para os soldados marcharem..." E ficamos por aqui... nem mais nem menos...
Para fazer luz sobre o que terá sido a Batalha do Buçaco (ou será Bussaco), atrevo-me a transcrever um relato publicado num blog aquando da passagem do segundo centenário... "A batalha do Buçaco, travada a 27 de Setembro de 1810, esteve englobada na 3ª invasão das tropas napoleónicas ao nosso país, foi uma tentativa das tropas aliadas do exército anglo português travarem os franceses do Marechal Massena. Quando se deu a 3ª e ultima invasão, a nossa estratégia de defesa assentava na resistência da praça de Almeida, para tentar deter os franceses num cerco que se desejava prolongado, afim de dar tempo a que se concluíssem as linhas de Torres Vedras. Por uma casualidade, um tiro de canhão da artilharia que cercava a fortaleza, acertou no paiol de munições que estava sob o castelo medieval, a explosão foi brutal dizimando os defensores e destruindo parte das muralhas, assim seguiu-se a rendição, o que permitiu a rápida entrada das tropas napoleónicas no nosso país. Assim Wellington o comandante do exército dos aliados, decide aproveitar o terreno vantajoso da serra do Buçaco para combater o inimigo, Massena decide enviar duas colunas ao comando dos generais Ney e Reynier para tomarem as alturas. Amanhece com muito nevoeiro, a serra naquela altura era descarnada, não possuindo a floresta que hoje a cobre, os dois movimentos franceses que deviam ser sincronizados tem um desfasamento de uma hora entre si. Ao chegarem ao alcance das armas portuguesas e inglesas são recebidos pelo fogo de diversas descargas e de cargas de baioneta, mais assaltos franceses são repelidos com pesadas baixas, até que Massena dá ordem para retirar. Os franceses tiveram 4.486 baixas, incluindo cinco generais. Os Aliados tiveram 1.252 mortos e feridos durante esta batalha que é considerada um modelo defensivo e onde as tropas portuguesas, que até aí não tinham sido postas à prova se portam de maneira exemplar. Tudo isto estrategicamente de nada serviu pois as tropas francesas descobriram um caminho alternativo de rodear a serra, e Wellington ordenou a retirada do nosso exército para Lisboa para não ficar cercado. Com o exército aliado retirou a maior parte da população das regiões em que iria passar o exército francês. Foi dada ordem de evacuação de Coimbra, as propriedades agrícolas foram abandonadas, os bens que não podiam ser transportados e podiam servir de algum modo os franceses foram destruídos, era a táctica da terra queimada. As linhas de Torres Vedras travaram finalmente os invasores, que perante a magnitude dos trabalhos de defesa desistiram e assolados pela fome, pelas populações enraivecidas e pelo exército aliado partiram para não mais voltar. Hoje em dia não temos da noção do que foi para o nosso pais todos estes acontecimentos, a mortandade de grande parte da população, o saque e a destruição feita pelos franceses, a fuga da família real para o Brasil, com valores e figuras mais importantes da sociedade, o domínio mais tarde feito sobre nós pelos nossos aliados ingleses etc, etc. Estive presente na recriação histórica da batalha do Buçaco, onde estiveram várias associações de figurantes, de diversos países, aqui ficam algumas fotos. publicado por blackcrowes às 14:51 https://olharescruzados.blogs.sapo.pt Tags: bussaco"
Corria o ano de 1810... o pequeno Tambor Mor Millan andava em grande azáfama de tenda em tenda na guarnição inglesa das tropas do Tenente-General Arthur Wellesley (Visconde de Wellington)... como sendo dos mais novos da tropa vinda das ilhas britânicas, sobre ele caia a responsabilidade de acatar os pedidos dos oficias e dos veteranos... Instalados na Serra do Bussaco aguardavam em posição defensiva o avanço das tropas francesas comandado pelo General André Massena naquela que seria a III Invasão da Guerra Peninsular...
A 27 de Setembro o tambor do pequeno Millan soou e as tropas Anglo-Lusas avançaram de forma estratégica que não fez notar que lutavam em inferioridade numérica e a vitória pendeu claramente para o lado Anglo-Português... No debandar da peleja houveram soldados de ambos os lados que se perderam e ficaram acoitados nas serranias vizinhas... E como acima podemos ler no texto do blog "olhares cruzados", enquanto as tropas francesas descobriram uma saída e tentaram cercar o exercito luso-inglês, Wellington decidiu pela retirada para Lisboa... Mas nem todos retiraram para Lisboa ou reentraram nas tropas napoleónicas para continuar o avanço de Massena, houveram muitos que ficaram feridos ou perdidos de um e outro exercito... sabemos de histórias de franceses que foram socorridos e por aí ficaram... Ora, por certo o mesmo aconteceu ao jovem Millan, ferido foi recolhido por um moleiro que tratou das suas feridas e o cuidou... quando recuperou já a guerra havia terminado e as tropas regressados aos seus países de origem. O jovem Millan por cá ficou e como forma de pagar ao moleiro por lhe ter salvo a vida começou a trabalhar com ele no moinho... depois enamorou-se da filha do moleiro e acabou por a desposar... ... mais tarde vemos um seu descendente de nome José Pedro Soares de Melo, filho de um Oficial de Diligências da Câmara Municipal de Águeda, a constituir família no burgo de Águeda, casando com Júlia Trindade Guerra... desse casamento nasceram sete filhas e um varão... a minha avó materna Arminda, foi uma das filhas... Enumerando os outros filhos: Maria, Ana, Teodorina, Magna, Lídia, Iva e o José Pedro... Toda a descendência recebeu os apelidos paternos Soares de Melo, tendo o pai excluído pura e simplesmente o apelido materno Guerra, daí das minhas tias avós dizerem que o pai era um "machão"!!! João Carlos Breda in retalhosdeaguedaantiga.blogspot.com

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