... um conto de Natal...
A avó Teresa aguçava o lume da lareira... Ao lado uma frigideira negra do fumo fritava os bilharacos que a tia Eugénia amassara nessa tarde. Como era tradição apenas usou abóbora, que a irmã Assunção lhe havia dado da sua horta de Alagoa, e farinha, juntando-lhe um ovo com a clara batida em castelo para amaciar a massa... Os rapazes entraram porta dentro com o cântaro de água que tinham ido buscar à fonte junto à porta dos Paços do Concelho e começaram a tagarelar acerca do último ensaio do Orfeão e da récita que no dia de ano novo seria levada à cena no Cine-Teatro pela mão do Neca! Na torre da Igreja o sino bateu as oito badaladas. Estava na hora da janta naquela noite de consoada... A tia Eugénia trouxe para a mesa a bacia de louça com as fumegantes couves, batatas e nabos... e depois as pequenas e finas postas de bacalhau e quatro rabos de sardinha salgada... A tia Eugénia fez a distribuição pelos quatro pratos e com geito regou-os com um fio de azeite, não sem que antes ...