Sardinha d'Águeda!
Era uma vez... É assim que qualquer conto começa... no entanto o conto que vos vou apresentar começa com uma pregão: “ Sardinha d’Águeda!” Era assim que o almocreve Jacinto anunciava a sua chegada as aldeias e vilas da beira interior nas faldas da Estrela! E perguntarão... mas em Águeda há mar para pescar sardinha? Então eu vou responder-vos com este pequeno conto... Mestre Ezequiel saíu da caverna do mercantel bebeu um gole de água da moringa e despertou os seus homens que dormiam no alpendre de lona à ré... O sol começava querer nascer por detrás das Gafanhas. O mercantel já carregado de sal aguardava as caixas do peixe que a companha da Costa Nova pudesse ter cercado nessa madrugada. Mestre Ezequiel ajustou o gabão de burel e cingiu a cintura com uma ponta de corda. As manhãs estavam frias... Os barqueiros depois de terem comido uma malga de caldo quente preparada pelo Manecas, o mais jovem da tripulação, arregaçaram as calças, esfregaram os olhos e enfiaram a boina...